PROMESSA NÃO CUMPRIDA PELA MARCOPOLO GERA PROTESTO DOS METALÚRGICOS

Na manhã de hoje, 17, os metalúrgicos da montadora Marcopolo voltaram para suas casas sem realizar o expediente de trabalho após serem comunicados pelo Sindimetal-ES que a promessa feita pela empresa de concessão de PLR no valor de R$ 3.500,00 não seria cumprida.
Para o pagamento de PLR, a Marcopolo oficializou uma proposta de míseros R$ 800,00, a serem pagos em duas vezes. Um valor muito inferior ao que ela havia prometido em março, durante reunião com o Sindimetal-ES. A quantia, que mais parece esmola frente a toda dedicação e esforço dos metalúrgicos, revoltou os trabalhadores, que obviamente recusaram a aceitar o que para eles é apenas um dos desrespeitos que vem sendo cometidos pela Marcopolo.
Além de rejeitarem a proposta da empresa, os trabalhadores decidiram não realizar o expediente em protesto a esse e a todos descasos da Marcopolo.
Entenda
DEMISSÕES IRREGULARES, DIFERENÇA SALARIAL, BANCO DE HORAS ILEGAL
A Marcopolo tem sido motivo de muita reclamação e insatisfação dos trabalhadores há vários meses.
Além da questão que envolve a PLR, a empresa desrespeita os empregados em situações absurdas como impor banco de horas ilegal, obrigando os trabalhadores a assinarem documentos individuais para ficarem em casa enquanto não há peças para a montagem. Isso, inclusive, foi mais promessa não cumprida pela Marcopolo. Em março, na reunião realizada com o Sindimetal-ES, a empresa garantiu que colocaria fim a esse formato de banco de horas, mas os meses passaram e nada mudou, o banco de horas continua sendo imposto sem autorização dos empregados.
Outra reclamação dos metalúrgicos é em relação ao tratamento diferenciado que a empresa está dando aos trabalhadores. Ao invés de valorizar a mão de obra local, a Marcopolo está trazendo pessoas de outros estados, com salários superiores, quando os trabalhadores do Espírito Santo recebem apenas o piso salarial enquanto dão duro na produção que não para de crescer.
Ainda há os casos das demissões irregulares. Em apenas dois meses, a Marcopolo foi obrigada, pela Justiça, a reintegrar três trabalhadores que haviam sidos dispensados arbitrariamente. Todas as reintegrações aconteceram graças ao trabalho do Sindimetal-ES que, certo da injustiça que estava sendo cometida contra os companheiros, acionou a justiça.
E as reclamações continuam.
A Marcopolo prometeu melhorias no cartão alimentação e no plano de saúde, mas até o momento não houve nenhuma mudança e o plano odontológico só foi implantado depois de cinco meses da data prometida e após muita pressão do Sindimetal-ES.
A falta de humanidade da empresa se reflete no tratamento dado aos trabalhadores nos momentos mais difíceis. Os companheiros que foram afastados pelo INSS, quando retornaram ao trabalho, tiveram seus contracheques zerados, ficando à míngua.
A situação se agrava quando a Marcopolo, numa conduta totalmente antissindical, bloqueou o recebimento de e-mails enviados pelo Sindimetal-ES. Uma atitude que tensiona a relação com o Sindicato, que é o representante legítimo dos seus empregados e deixa clara a falta de valor e importância que a empresa dá aos seus trabalhadores.
Tanto desrespeito não pode e não deve ser ignorado. Por isso, os metalúrgicos adiantaram que caso a empresa não cumpra com o prometido de pagar os R$ 3.500,00 e não mude a postura intransigente e hostil, os trabalhadores iniciarão um movimento grevista nos próximos dias.