INVESTIMENTO BILIONÁRIO, SALÁRIOS DEFASADOS: A CONTRADIÇÃO DA ARCELORMITTAL

Logo após endurecer a negociação coletiva, alegando não ter condições de melhorar salários e benefícios, a ArcelorMittal anunciou um investimento bilionário de R$ 4 bilhões para a construção de uma nova linha de produtos acabados na unidade da Serra, Espírito Santo. Esse projeto, considerado pelo governador do Estado como o maior da iniciativa privada na história do ES, inclui a instalação de um laminador de tiras a frio e uma linha de revestimentos contínuos.

Com o início das etapas de engenharia e contratação programadas para o primeiro semestre de 2026, segundo a empresa, a operação está prevista para começar no primeiro semestre de 2029. Esse investimento promete gerar 2.500 empregos no pico das obras e, quando entrar em operação, demandará cerca de 450 profissionais.

Com o anúncio, a siderúrgica teve mais ganhos ainda. O valor das ações da ArcelorMittal teve um aumento impressionante de 11,99%, atingindo R$ 82,50, segundo o portal Investing.com.

No entanto, enquanto ela cresce e seus lucros aumentam, a situação é outra para os metalúrgicos, bem mais difícil. Os companheiros enfrentam uma realidade de condições desfavoráveis. Os trabalhadores da planta no Espírito Santo convivem com uma defasagem salarial de mais de 15%. Além disso, os salários estão congelados há 13 anos, sem qualquer ganho real desde 2011.

Avanços que ocorreram no ano passado, especialmente durante a negociação salarial, só foram possíveis graças ao empenho incansável de nosso sindicato e nossa diretoria. No entanto, o que foi conquistado ainda está muito aquém do que os companheiros merecem. A luta por salários justos, condições dignas de trabalho e o reconhecimento do valor dos metalúrgicos continua.

A partir de maio, o Sindimetal-ES e a ArcelorMittal Tubarão irão iniciar a negociação do Acordo de Turno. Neste momento, é imprescindível que a empresa também invista em quem realmente faz a diferença: os trabalhadores, além de infraestrutura e tecnologia.

O adicional de turno, que já foi maior, hoje é menos de um terço do valor anterior. Trabalhadores atuam 12 horas, mas recebem apenas o equivalente a 8% de adicional e a jornada exaustiva inclui horas extras não remuneradas adequadamente, com muitos saindo de casa às 4h da manhã e retornando apenas às 21horas.

A luta será por um Acordo de Turno justo e digno e não aceitaremos desculpas para a falta de valorização dos profissionais que sustentam os resultados milionários da ArcelorMittal. O Sindimetal-ES espera que, com todo esse crescimento, a empresa recompense o empenho dos trabalhadores, reconhecendo seu papel fundamental no sucesso da organização.

Precisamos da mobilização e do empenho de todos os metalúrgicos para que não aceitem propostas mínimas. Chegou a hora da multinacional reconhecer o comprometimento de seus trabalhadores, garantindo condições dignas de trabalho e o respeito que merecem.


Por Max Célio de Carvalho – presidente do Sindimetal-ES

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