Educação para todos

“Como pode a autoridade máxima da educação do país, ser contra pessoas terem educação? Pois foi assim que o atual ministro da Educação (ou seria sinistro da deseducação), Milton Ribeiro, se posicionou. Para ele, não adianta ter um curso superior, porque não há emprego. E, ainda pior, ao dizer, da forma mais cruel possível, que crianças portadoras de deficiência, atrapalham colegas e professores.

O Sindimetal-ES repudia veemente mais estas declarações infundadas e descabidas de um membro do atual governo federal. É de estarrecer uma fala de desestímulo para a capacitação e de acolhimento para o futuro de gerações de trabalhadores de uma autoridade oficial que deveria traçar exatamente o caminho contrário: o de educar.

Poderia ser um “mal-entendido”, frases deturpadas, mal colocadas, mas, infelizmente é assim que é conduzida as ações do governo federal. Antes dele, passaram pelo Ministério da Educação o filósofo Ricardo Vélez, que pediu para alunos cantarem o lema de campanha de Bolsonaro,  Abraham Weintraub, investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por um suposto crime de racismo, além de um inquérito sobre fake news e Carlos Decotelli, que teve sua nomeação cancelada após a repercussão de que teria mentido em diversas informações em seu currículo.

Weintraub chegou a cortar 30% das verbas federais de ensino, incluindo os Ifes, o que inviabilizaria as universidades. Mas, os estudantes reagiram e foram para as ruas em protesto e nós, do Sindimetal-ES estivemos juntos com eles.  As escolhas da comunidade acadêmica também não são respeitadas. Aqui no Espírito Santo, por exemplo, a vice-reitora da Ufes, Ethel Maciel, atuante no combate à Covid-19, foi escolhida pela maioria de professores, servidores e alunos da universidade para assumir a reitoria da instituição, mas Bolsonaro decidiu optar por outro nome.

Enfim, a política adotada pelo governo Bolsonaro é um horror que pode deixar consequências desastrosas ao longo de anos, pois não há um projeto sólido para os ensinos brasileiro. No total, 80% das metas do Programa de Educação, luta dos movimentos sociais, o qual também demos apoio, estão estagnadas.

Vários programas demandam atenção como o Mais Educação, Mais Alfabetização, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) e Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC). Além disso, Prouni e Fies andam cada vez mais tendo sua abrangência reduzida, pois como diz de forma despropositada o ministro: “universidade para todos não existe”.

Para os trabalhadores brasileiros, trabalhar contra a formação é um desastre, pois somente com a capacitação é possível alçar melhores salários e condições dignas, a base da formação dos trabalhadores. Lutar por educação é a luta dos trabalhadores que conduzirão o país.

A remuneração média aumenta de maneira diretamente proporcional ao nível de escolaridade, em torno de 60%, de acordo com levantamento da faculdade Estácio. E ainda, conforme um levantamento divulgado em 2015 pelo Ministério do Trabalho, cerca de 39,6% dos trabalhadores com ensino médio completo recebem até 1,5 salário mínimo.

Em contrapartida, 9% dos empregados com ensino superior completo recebem este valor, enquanto as maiores porcentagens ocupam os salários mais elevados (37,6% recebendo de 1,5 a 4 salários e 33,9% de 4 a 10 salários).  Obviamente, há casos que não ocorrem desta forma, mas, precisamos ter uma noção da tendência geral.

É com a capacitação e conhecimento que os companheiros estão aptos a reivindicar condições mais dignas de trabalho. Quanto mais capacitação é possível formar profissionais que aliem com todo o seu esforço, maior produtividade, administração do tempo, capacidade em tomar decisões, sugerir soluções de problemas, saber se comunicar bem, senso de responsabilidade e conhecimento sobre o que está fazendo.

A educação não é para poucos, é para todos! Somente com ela é possível termos maiores oportunidades de renda e desenvolver um senso crítico no momento de pleitear nossos direitos com os patrões (que infelizmente não é o desejo deste governo que leva ao Brasil ao caos econômico e social).

Educação para todos sim.

Max Célio de Carvalho – presidente do Sindimetal-ES

Botão Voltar ao Topo